sábado, 7 de maio de 2011

Adoção por casais gays será próximo embate após decisão do Supremo

A decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de reconhecer uniões estáveis de casais homossexuais deve ter seus próximos capítulos nas próximas semanas. Se está garantido a homossexuais o direito de terem seu relacionamento firmado em cartório, outros benefícios concedidos a heterossexuais, em especial a adoção de crianças, já provocam cabo-de-guerra entre defensores e adversários da iniciativa no Congresso Nacional.

Para Jean Wyllys (PSOL-RJ), o primeiro deputado federal abertamente homossexual do país, “a adoção será a maior dificuldade porque era o pano de fundo de toda a briga contra a união estável”. “A decisão do Supremo não se basta, temos de garantir a extensão dos direitos no dia a dia. É por isso que estou levando à Câmara uma proposta para garantirmos o casamento civil de pessoas do mesmo sexo, para que cheguemos à cidadania plena”, disse ele ao UOL Notícias.


Em uma crítica que também foi feita pelos ministros do STF no fim do julgamento, Wyllys afirmou que o Congresso se ausentou do debate sobre direitos civis para homossexuais e acabou levando o Supremo a se pronunciar sobre o assunto. “O Poder Legislativo é negligente. Precisou o Judiciário julgar uma ação que leva em conta princípios constitucionais que já estão lá para que a sociedade tivesse uma resposta. Não pode continuar assim”, disse.

Evangélico e autor de uma proposta de lei contra a discriminação a heterossexuais, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou que a aplicabilidade da decisão do Supremo ainda não está clara. Prever consequências, diz ele, só acontecerá depois da divulgação do acórdão – o resumo da decisão dos ministros. Mas o alvo do próximo embate já é evidente. “A adoção vai ser o principal ponto, sem dúvida. Na sociedade e no Congresso”, afirmou.

Poderes

O deputado do PMDB afirma que o Supremo extrapolou sua função ao reconhecer a união estável de casais homossexuais. “O STF quis legislar. O Congresso não é obrigado a legislar sobre um assunto só porque a legislação não existe para tratar daquilo”, afirmou. O próprio relator dos casos julgados pelo Supremo na quinta-feira (5), ministro Carlos Ayres Britto, afirmou que as consequências da decisão são imprevisíveis

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