terça-feira, 7 de junho de 2011

 

O tempo, algumas vezes, faz as pessoas e as coisas rejuvenescerem. Parece ter sido esse o caso de Toni Venturi e de seu cinema. No sétimo longa-metragem, o cineasta paulistano, de 55 anos, surge mais leve e esperançoso.
"Estamos Juntos", que entra hoje em cartaz, dá continuidade a uma obra que começou com o documentário "O Velho" (1997), sobre Luiz Carlos Prestes. Ao mesmo tempo, rompe com ela.
"Sete é um número forte", diz o diretor, que recebeu a Folha num hotel dos Jardins. "Não sei se sou supersticioso." Talvez seja. Mas o sete, aqui, marcou um amadurecimento. Um novo patamar.
"Estamos Juntos" nasceu do desejo de Venturi de voar com a câmera pela cidade de São Paulo. De fazer um poema visual da metrópole.
Com Hilton Lacerda (de "Baile Perfumado" e "Árido Movie", entre outros), escreveu um roteiro em camadas.
São várias as histórias que se anunciam na primeira meia hora. E são diversos também os caminhos que o espectador pode seguir.
"Tenho percebido que cada um vê um filme", diz o diretor. "Estamos Juntos" é filme gay, filme social e filme sobre o rito de passagem da juventude mais irresponsável para a vida adulta.
O projeto foi habilitado na Ancine (Agência Nacional de Cinema) em 2003. Sua concepção é até mesmo anterior à de "Cabra Cega", longa-metragem que lançara em 2004. "Foi um processo demorado. Não era um roteiro fácil."
Tampouco foi fácil o elenco dar corpo a seus papeis.
Leandra Leal passou um mês nos plantões do Hospital Universitário e, além de desvendar o ofício de cirurgiã, teve de adaptar seu corpo ao enigma da paralisia cerebral.
Cauã Reymond, por sua vez, fez um curso de DJ e frequentou a noite gay paulistana; Dira Paes teve de despir-se da fogosa Norminha da novela "Caminho das Índias" para ganhar a expressão engajada de líder do movimento dos sem-teto.

Nenhum comentário: